O Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é caracterizado por episódios recorrentes de ingestão de grandes quantidades de alimentos em um curto período de tempo, acompanhados por uma sensação de perda de controle e intensa angústia.
Diferente da bulimia nervosa, esses episódios não são seguidos por comportamentos compensatórios, como vômitos autoinduzidos.
É uma condição frequentemente associada à obesidade e comorbidades psiquiátricas, como transtornos de ansiedade, depressão e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
- Ingestão, em um período delimitado (geralmente até 2 horas), de uma quantidade de alimentos claramente maior do que a maioria das pessoas consumiria nas mesmas circunstâncias;- Sensação de falta de controle durante o episódio (incapacidade de parar de comer);
- Presença de pelo menos três dos seguintes comportamentos: comer mais rapidamente do que o normal, comer até se sentir desconfortavelmente cheio, comer grandes quantidades na ausência de fome, comer sozinho por vergonha, sentir-se culpado ou deprimido após comer;
- Sofrimento clínico significativo e prejuízo funcional.
A etiologia do TCAP é multifatorial.
Envolve alterações neurobiológicas nos sistemas de recompensa e controle inibitório, disfunções dopaminérgicas, traços emocionais (impulsividade, vergonha, baixa autoestima) e fatores genéticos e ambientais.
Eventos adversos na infância, como abuso ou negligência, também aumentam o risco. Alterações hormonais e padrões de dieta restritiva contribuem para a perpetuação dos episódios.
1. Psicoterapia
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem de primeira linha, com eficácia comprovada na redução da frequência dos episódios de compulsão e melhora da autoestima e do comportamento alimentar. Terapias complementares incluem a Terapia Comportamental Dialética (DBT) e aTerapia Interpessoal (IPT).
2. Medicamentos
A Lisdexamfetamina é o único fármaco aprovado pelo FDA para tratamento do TCAP, demonstrando eficácia significativa na redução dos episódios compulsivos e no controle de peso.
Outras opções farmacológicas incluem:- Fluoxetina e outros ISRSs (off-label);
- Topiramato (anticonvulsivante com potencial para perda de peso);
- Associação Bupropiona + Naltrexona, com efeitos positivos sobre compulsão e controle do apetite.
A escolha deve considerar o perfil do paciente, presença de comorbidades e tolerabilidade aos efeitos adversos.
Evolução e acompanhamento:
Com tratamento adequado, muitos pacientes apresentam melhora significativa.
O acompanhamento deve ser contínuo, com foco em prevenção de recaídas, manejo emocional e reestruturação de padrões alimentares disfuncionais.