O Transtorno de Escoriação, também conhecido como Skin-Picking ou Dermatillomania, é classificado no DSM-5 como um transtorno obsessivo-compulsivo e relacionado.Caracteriza-se pelo comportamento recorrente de manipular, coçar ou arrancar apele, resultando em lesões cutâneas visíveis.
Esse comportamento, apesar de inicialmente aliviador, costuma ser seguido por sentimentos de culpa, vergonha ou frustração. O transtorno pode causar impacto funcional importante e sofrimento emocional significativo.
Quais são os sintomas do Transtorno de Escoriação?
- Comportamento repetitivo de cutucar, beliscar ou arrancar a pele, geralmente de forma compulsiva;
- Presença de lesões cutâneas, muitas vezes infeccionadas ou com sangramentos recorrentes;
- Tentativas malsucedidas de reduzir ou interromper o comportamento;
- Comprometimento funcional, social ou ocupacional devido às lesões ou à evitação de exposição corporal;
- Em alguns casos, há estados dissociativos ou rituais em torno do ato de escoriar a pele.
O que causa o Transtorno de Escoriação?
A etiologia é multifatorial. Fatores genéticos, neurobiológicos (disfunções na regulação de impulsos e nos circuitos cortico-estriatais), emocionais(ansiedade, tédio, frustração) e experiências ambientais contribuem para o desenvolvimento do quadro.
É comum a comorbidade com transtornos como TOC, transtornos de ansiedade, depressão maior e TDAH. A prevalência estimada varia entre 1,4% e 5,4%, com início predominante na adolescência.
Tratamento do Transtorno de Escoriação
1. Psicoterapia
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem psicoterapêutica mais eficaz, especialmente com técnicas como:
- Treinamento de reversão de hábito (HRT);
- Terapia de aceitação e compromisso (ACT);
- Técnicas de distração e autorregulação emocional.
2. Medicamentos
Os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), como fluoxetina, escitalopram e sertralina, podem ser úteis, especialmente em casos com comorbidade ansiosa ou depressiva.
A N-acetilcisteína (NAC), por sua ação glutamatérgica e antioxidante, tem mostrado bons resultados em ensaios clínicos.
Casos refratários podem se beneficiar de abordagens combinadas com antipsicóticos atípicos em baixas doses ou neuromodulação.
Evolução e acompanhamento
O curso do transtorno pode ser crônico e flutuante, mas muitos pacientes obtêm melhora significativa com tratamento adequado. A abordagem interdisciplinar, envolvendo psiquiatria, psicologia e dermatologia, é recomendada para manejo integral das lesões e sintomas comportamentais.
Na Clínica Beria Psiquiatria, realizamos tratamento especializado para Transtorno de Escoriação (Skin-Picking), com unidades em Porto Alegre, São Paulo e atendimentos por telemedicina em todo o Brasil, utilizando protocolos modernos baseados em TerapiaCognitivo-Comportamental, farmacoterapia e, quando necessário, neuromodulação.
Referências científicas
- Jafferany M, Patel A. CNS Drugs, 2019.
- Lochner C et al., Neuropsychiatr Dis Treat, 2017.
- Loftus H et al., Clin Exp Dermatol, 2025.