A Tricotilomania, ou Transtorno de Tracionar os Cabelos, é classificada no DSM-5 como um transtornoobsessivo-compulsivo e relacionado. Caracteriza-se pela compulsão de arrancaros próprios cabelos, resultando em falhas visíveis no couro cabeludo, sobrancelhasou outras áreas corporais com pelos.
O comportamento pode estar associado a estados de tensão, ansiedade ou tédio, eé frequentemente seguido por alívio momentâneo ou gratificação sensorial. Otranstorno impacta significativamente a autoestima, as relações sociais e a qualidade de vida.
- Arrancar repetidamente cabelos ou pelos de qualquer região do corpo, maiscomumente do couro cabeludo, sobrancelhas e cílios;
- Presença de áreas de alopecia (falhas) perceptíveis;
- Tentativas repetidas de reduzir ou interromper o comportamento;
- Sofrimento psicológico, vergonha ou isolamento social decorrente das lesões;
- Presença de rituais ou padrões específicos relacionados ao ato de arrancar osfios.
O que causa a Tricotilomania?
A etiologia é multifatorial. Disfunções nos circuitos cortico-estriatais,fatores genéticos, história de trauma, inibição comportamental e dificuldade naregulação emocional estão associados ao transtorno.
É comum a comorbidade com transtornos de ansiedade, depressão maior, transtornoobsessivo-compulsivo e transtornos do espectro autista.
O início costuma ocorrer entre os 10 e 13 anos, com maior prevalência no sexofeminino.
1. Psicoterapia
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a primeira linha de tratamento, comdestaque para:
- Treinamento de reversão de hábito (HRT);
- Terapia de aceitação e compromisso (ACT);
- Técnicas de exposição com prevenção de resposta;
- Treino de consciência corporal e autocontrole.
2. Medicamentos
Os ISRSs (fluoxetina, escitalopram, sertralina) podem ser considerados,especialmente em casos com comorbidade ansiosa ou depressiva. Evidênciascrescentes sugerem que a N-acetilcisteína (NAC) pode ser eficaz na modulação docomportamento compulsivo.
Em situações resistentes, pode-se considerar o uso de antipsicóticos atípicosem baixa dose (como aripiprazol) e investigação de terapias combinadas.
Evolução e acompanhamento
A tricotilomania pode ter curso crônico e recorrente. O acompanhamentopsiquiátrico contínuo é essencial para prevenir recaídas e promover estratégias de enfrentamento mais adaptativas. A colaboração com dermatologistas podeauxiliar na abordagem de danos cutâneos e tricológicos.
Na Clínica Beria Psiquiatria, realizamos tratamento especializado para Tricotilomania (Transtorno de Tracionar os Cabelos), com atendimento presencial em PortoAlegre e São Paulo, além de consultas por telemedicina para todo o Brasil.
Referências científicas
- American Psychiatric Association. DSM-5-TR, 2022.
- Chamberlain SR et al., J Clin Psychiatry, 2009.
- Grant JE et al., Arch Gen Psychiatry, 2009.
- Lochner C et al., CNS Spectr, 2022.
- Odlaug BL, Grant JE. Curr Pharm Des, 2010.